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HISTÓRIA DA FAMÍLIA DE VOLKMAR AUGUST SCHÜÜR

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Família Volkmar Schüür

Volkmar e Nelly - Waltraudt e Hilde

BREVE HISTÓRIA DA VIDA DE VOLKMAR

Colaboraram: Filhas, Genros e Netos.

Em 14 de Maio de 1911, nascia na cidade de Emden o sexto filho de Foske e Heinrich Menno, um menino esperto e alegre que recebeu o nome de Volkmar August Schüür.

Após a guerra de 1914-1918, com as dificuldades econômicas que a Alemanha apresentava, os pais mudaram-se para uma área rural.

O pai auxiliado pelo filho mais velho continuava exercendo a profissão de pintor em diversas cidades, e a mãe, uma mulher forte e determinada, ajudava no sustento dos filhos cuidando de uma horta e de vacas de leite.

Os filhos também tinham suas pequenas responsabilidades, e, a Volkmar entre outras tarefas cabia a entrega do leite vendido pela mãe.

Certo dia ao retornar da entrega do leite Volkmar ainda pequeno distraiu-se e ficou a brincar pela rua, ao retornar com os Marcos, o dinheiro mais nada valia devido à inflação galopante daquele período. A mãe disse a ele que ficasse com aqueles Marcos para que nunca mais esquecesse das responsabilidades com os outros e a família.

Volkmar jamais esqueceu as palavras da mãe, tendo se tornado um homem que teve por objetivos a responsabilidade com sua família e o bem que poderia fazer ao próximo e a sociedade.

Em busca de um futuro melhor, a família imigrou para o Brasil em 1924, e estabeleceu-se em Linha Republica no interior de Guarani. Devido a problemas de saúde e ao difícil e nem sempre compensador trabalho na agricultura, Heinrich (o pai), resolveu retornar a profissão de pintor tendo escolhido Santo Ângelo para estabelecer-se.

Estando o filho mais velho Niklaas nos Estados Unidos, deixou o filho Heini na colônia para auxiliar a mãe e irmãs, e levou consigo Volkmar.

Iniciaram pintando o Hotel Avenida, tendo assim Volkmar aprendido com o pai os segredos da pintura como a “marmoraria”, “escariola”e “chaplonen” (técnica de pintura decorativa européia com chapas em paredes e tetos), e as misturas de tintas, já que a maioria era feita pelos próprios pintores.

Volkmar, rapaz extrovertido fez muitos amigos. Certo dia no Deutsche Club conheceu Nelly Krug, uma bela moça, pequenina de cabelos negros e olhos verdes acinzentados por quem se apaixonou.

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Em 16 de abril de 1933 noivaram e em 22 de dezembro de 1933 casaram prometendo amar-se para sempre, e realmente assim foi, pois o amor deles era imenso, eram cúmplices, companheiros, amigos e amantes.

Para completar está felicidade chegou Nelly Hildegundes em 22 de março de 1935, como todos diziam bela como um anjo, e como os anjos não pertencem a este mundo ela partiu em 14 de dezembro de 1935.

A dor era imensa, mas a vida seguia seu curso e tinham ainda um ao outro para se fortalecerem. Em 5 de maio de 1936 chegou Waltraud (Waldi) para alegrar novamente seus corações.

Com a expansão dos negócios, Volkmar formou sua própria equipe de pintores e aos poucos foi dando passos maiores. Venceu a concorrência para a pintura dos prédios da Rede Ferroviária da região das Missões e Planalto Médio. Em 1941, foi contratado para pintar o Hotel Descanço (grafia de acordo com documentação fotográfica) onde funcionava o Cassino em Irai. Necessitando de pessoas de confiança levou o sogro, Jacob Krug e o cunhado Edgar Krug.

Nelly e Valdi sempre o acompanhavam, e Nelly aprendeu e era encarregada de preparar as tintas, a fazer as chapas decorativas, a pagar os funcionários, e assim trabalhando juntos logo começaram a construir sua tão sonhada casa.

Em 1942, Volkmar pintava os pavilhões do Quartel quando ouviu pelo rádio que o governo do Brasil havia entrado em guerra conta o eixo; Imediatamente pegou sua bicicleta e voltou para casa com a intenção de apresentar-se como voluntário para lutar no Exército Brasileiro.

Qual não foi sua surpresa tendo chegado a poucos momentos em casa, quando o delegado apareceu com seus comandados, dando-lhe voz de prisão, pois julgava que Volkmar por ser muito bem relacionado e comunicativo poderia ser o líder dos nazistas em Santo Ângelo.

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Preso há dois dias teve uma crise renal, o Comandante da unidade militar ao saber da prisão e conseqüente  crise renal, pediu para o Oficial Médico, Dr. Lobo, examina-lo e interna-lo no Hospital.

Graças à pronta intervenção do comando militar, Volkmar passou o restante do período da guerra em prisão domiciliar, guarnecido 24 horas por dois policiais, livrando-se dos horrores por que passaram outros alemães seus amigos.

Foi uma época de dificuldades, Volkmar não podia trabalhar, não fosse por sua querida Nelly de quem dependia naquele momento o sustento da família e dos amigos que auxiliaram dando credito para abrir uma pequena loja para a venda de tintas prontas marca Dois Ferreiros e em pó.

Mas para abrir a loja era necessário ser brasileiro, bem isto Nelly era, mas na legislação vigente mulher necessitava da autorização do marido para tal, e Volkmar alem de estar preso não o era. Assim o cunhado e amigo Edgar entrou como sócio e nascia à Casa das Tintas em nome de Edgar.

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A guerra findou, a Casa das Tintas prosperou, passou a ter sua marca própria Tintas Totó e Tintas ABC.

Com seu espírito empreendedor Volkmar organizou campanhas de publicidade as tintas foram vendidas por todo e Estado, a loja foi ampliada vendiam se também vidros, quadros, estampas.

Como Nelly havia sido submetida a uma operação de retirada de um dos ovários, julgavam que não teriam mais filhos, mas em 12 de novembro de 1946 chegou  Hilde para completar a família.

Volkmar de temperamento inquieto e sempre buscando algo mais a fazer, vendo que a Casa das Tintas ficaria em boas mãos aos cuidados de Nelly, Edgar e Hulda, sua sobrinha, filha de Angeline ( Lini ), que morava com eles antes de casar com Edgar, partiu para novos empreendimentos.

Vendeu seguros pela Sul América Seguros, sendo o melhor vendedor da região sul, premiado com uma viagem ao Rio de Janeiro e São Paulo. Também vendia terras para cultivo de café  e para tal levava caravanas de futuros proprietários ao Paraná.

Em 6 de outubro de 1949 finalmente Volkmar pode realizar um sonho, naturalizar-se brasileiro, pois apesar do profundo respeito e afeto que sentia pela Alemanha, seu povo e tradições sentia-se brasileiro e Santo-Angelense, a cidade que tanto amou e que tão bem o acolheu.

Membro fundador do Rotary Clube de Santo Ângelo, sempre trabalhou com afinco em todas as comissões, mas a que lhe proporcionava maior satisfação era a de dirigir a de Serviços á Comunidade, tinha um carinho especial pela Casa da Criança, Jardim dos Pobres e Escola Rotary, pois as crianças e jovens eram sua alegria.

Sua preocupação com a classe trabalhadora era muito grande, e foi na Sociedade Beneficente União Operária de Santo Ângelo que em 1956, como vice-presidente teve oportunidade de auxiliar a classe trabalhadora, ajudando a construir a nova sede para que as finalidades da mesma como instrução profissional, cursos para esposas e filhos de trabalhadores, assistência médica, dentária, farmacêutica e atividades esportivas e culturais, fossem concretizadas.

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Foi também presidente do Clube 28 de Maio gestão 55-56 e 56-57, com sua capacidade de unir pessoas em torno de um objetivo comum, organizou o sorteio de um carro “Bell-Air”, para angariar fundos para realizar as melhorias que o quadro social tanto almejava, entre estas um local especial para a juventude.

Foi criada então a “Salinha da Juventude”, local este que com certeza muitos ainda recordam com saudades. Era uma época de eventos constante, jantares, palestras, encontros culturais, Natal para os filhos dos associados, festas juninas, bailes de debutantes, etc.

Apesar de uma vida profissional e social muito ativa era no convívio com a família e amigos que Volkmar se realizava; Mesmo com as estradas da época, quem não lembra o pó ou barro existente, as visitas aos parentes eram constantes, os fins de semana em Guarani, com o irmão Heini, Gretchen e família, aos domingos á tarde tomar chá com Juli e Klass, o cunhado sereno e conselheiro, a Cruz Alta conversar com Niklass e Gertrud os problema em comum, rever Emilio e Ani em Panambi.

Com Alfredo e Clara, Lini, suas irmãs e os irmãos de Nelly e famílias os encontros eram ainda mais freqüentes, mas não menos importantes, pois residiam em Santo Ângelo

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Eram os piqueniques com o caminhão de Alfredo, as Páscoas em que todos se reuniam para colher marcela e o coelhinho perdia os ovinhos para as crianças procurarem.

As festas de Natal, quando ao fecharmos os olhos ainda podemos ouvir Volkmar e Lini cantando “O Tannenbaum”, ou então os passeios de carro pela cidade com a criançada, toda a cantar, ou com alguém que necessitasse de um ombro amigo com quem desabafar.

Mas eram os encontros em família que promovia em sua casa ou no “Ijuizinho” sua maior alegria, era confraternizar com todos alegrar-se pelo convívio com os mais jovens, trocar experiências com os mais idosos, enfim sorrir, amar, ser e trazer felicidade.

Como a família os amigos eram importantes, em sua casa as portas estavam sempre abertas para uma troca de idéias, hora eram os amigos Rotarianos, os Maçons, Padres, Pastores, ou como Nelly já sabia e estava sempre preparada, ele chegaria dizendo, “olha quem veio comigo para almoçar”, era algum viajante de passagem pela cidade, ou algum colono que tinha vindo à cidade, ou simplesmente alguém a quem tivesse encontrado, não importava a que classe pertencesse pois eram amigos, e ele sabia que Nelly também pensava do mesmo modo.

Assim era Volkmar, alegre, amigo, franco, e por isto algumas vezes polêmico, mas sempre com um profundo amor pela família e os amigos.

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Em 1957, após ter vendido a Casa das Tintas para Edgar, Volkmar resolveu iniciar novo empreendimento, mais uma vez sua capacidade de união e visão comercial fez com que 31 amigos se unissem a ele e fundassem a Cultura de Oliveiras Ltda. que tinha por objetivo plantar e industrializar azeitonas através da venda de chácaras plantadas com oliveiras e cotas da futura fábrica.  

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Em quatro anos o empreendimento era um sucesso, haviam oliveiras plantadas iniciando a frutificação, mais de 12Km de avenidas abertas, ladeadas de eucaliptos como quebra vento, a sede com a casa do administrador, tratores, viveiro de enxerto de novas mudas de oliveiras, inicio da construção de uma escola, uma área com um lago e chácaras de lazer para os associados, denominada Parque das Oliveiras, onde futuramente seriam construídas uma piscina e quadras esportivas.

Hoje só resta a Escola que leva o nome de Volkmar e o Parque das Oliveiras, infelizmente nem todos são capazes de continuar as obras e concretizar os sonhos concebidos por seus idealizadores e como estes aqueles também morrem.

Volkmar August Schüür, partiu em 30 de junho de 1961, aos 50 anos, tendo vivido plena e intensamente com se 100 anos fossem.

Em sua despedida, quando meus olhos vislumbraram aquele cortejo, composto de Escoteiros e Bandeirantes, familiares, amigos, autoridades, comerciantes, pintores, Irmãos Maristas, Padres, Pastores, Rotarianos, Maçons (foi elevado ao grau 33 pós-morte), e o povo, aquele que o chamava de “Seu Schüür”, com quem ficava a conversar pelas vilas e dava carona em sua Kombi quando os encontrava indo a pé para o centro da cidade, tive muito orgulho de meu pai, e a certeza que era muito amado e respeitado por todos em sua querida Santo Ângelo, e que seus objetivos de vida tinham sido alcançados.

Text translated by: Rafael Reuwsaat Fraga
© 2020 by Daniel Schüür. E-mail: daniel.schuur@gmail.com
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